História
Paixão pela terra desde 1970
Os campos dos cerros de Bagé são ocupados por açorianos para praticar a pecuária há mais de 230 anos. A trajetória da família Mercio, de origem Açoriana, rumo ao Pampa começa no território autônomo de Portugal localizado no meio do Oceano Atlântico, formado por 9 ilhas. Originários da Ilha de São Jorge chegaram por volta de 1690 em Colônia do Sacramento, na época uma cidade portuguesa. Com as resoluções do tratado de Madrid entre as coroas portuguesa e espanhola e a troca de Colônia pelas Missões os portugueses que lá viviam foram obrigados a deixar a cidade. Nessa jornada Matheus Mercio Pereira, filho de José e Ana, a segunda geração da família no Pampa parte rumo ao norte: a cidade de Rio Grande. De lá, seu descendente Joaquim estabelece-se em Rio Pardo, no centro do atual estado do Rio Grande do Sul, e logo depois desce para os campos neutrais da atual Bagé. Desde então, a prática da pecuária tem sido exercida por seus descendentes há gerações no nos campos da Estância do Paraizo.
A Família
Fundação de Colônia do Sacramento, às margens do Rio da Prata pelo Governador do Rio de Janeiro, Manuel Lobo, sob as ordens de D. Pedro II de Portugal.
José e sua família chegam à Colônia do Sacramento vindo da ilha de São Jorge, arquipélago dos Açores. Vieram para produzir trigo e frutas e estabelecer propriedades aos arredores de Colônia, cidade de fundação portuguesa.
Assinatura do Tratado de Madrid entre os reis João V, de Portugal, e Fernando VI, da Espanha. Os portugueses abrem mão da Colônia do Sacramento em troca dos Sete Povos das Missões.
Guerras Guaraníticas marcadas pela união de portugueses e espanhóis para expulsar os Índios Guaranis dos Sete Povos das Missões.
O forte até então espanhol é conquistado por Rafael Pinto Bandeira estendendo os domínios do Império Português até os Campos de Bagé.
O Tratado de Santo Ildefonso confirma o Tratado de Madrid. A cidade de Colônia do Sacramento é arrasada pelos espanhóis e os Portugueses que ainda lá vivem são expulsos. Matheus Mercio Pereira parte rumo a cidade de Rio Grande e, depois, Rio Pardo.
Primeiras referências às Sesmarias dos Povoadores dos Campos Avançados de Bagé, que passaram a ser ocupados e arrendados por portugueses que se distinguiram nas lutas até então travadas. Quando o exército de Dom Diogo chegou a esta região, encontrou-a bastante povoada, com estâncias e campos de pastoreio, fazendo parte do município de Rio Pardo.
Matheus Mercio Pereira e seu filho Joaquim Mercio Pereira começam incursões nos Campos Avançados de Bagé, época em que a pecuária era extrativista com o gado Horelhano (sem marca, bravio e solto). Dá-se início ao rancho da Família nos limites entre a Guarda de São Sebastião, Bagé e os atuais municípios de Lavras do Sul e Dom Pedrito. Posteriormente, estes campos são entregues oficialmente como uma de suas duas Sesmarias para o Brigadeiro Camilo Mercio Pereira por seu trabalho militar. Essa sesmaria é dividida pelos filhos de Camilo e Ana e dão origem às Estâncias da Família Mercio administradas pelos descendentes. O filho mais velho, Thomaz Mercio, estabelece-se nos campos do Paraizo.
Enquanto isso, em 1810, irrompeu no interior do Uruguai um movimento generalizado e espontâneo, chefiado por Artigas, contra os espanhóis. Dona Carlota Joaquina, esposa de Dom João VI, conseguiu de seu marido a ordem para que as forças Luso-brasileiras, concentradas ao longo das fronteiras do Rio Grande do Sul, penetrassem em terras castelhanas para cooperar com os exércitos monarquistas espanhóis sitiados em Montevidéu. Foi assim que Dom Diogo de Souza, que havia tomado posse da Capitania Geral de São Pedro, iniciou sua campanha à frente do denominado “Exército Pacificador da Banda Oriental”. A missão atribuída a Dom Diogo era essencialmente militar, deveria intervir na região do Prata para combater os movimentos revolucionários que havia em Buenos Aires e Montevidéu.
Entre 1864 e 1893 Thomaz dá continuidade ao trabalho do pai nas lides rurais. Em 1893 ele entra em combate na Revolução Federalista de 1893 servindo com o cargo de Coronel, pertencendo ao Estado Maior de Gumercindo Saraiva, chefe revolucionário das forças Maragatas, ao lado de Aparício Saraiva, Torquato Severo e Ângelo Dourado. Após a derrota, Aparício Saraiva retorna ao Uruguai e torna-se herói do Partido Blanco. Gumercindo teve sua cabeça cortada.
O filho mais velho do Coronel Thomaz, Favorino de Freitas Mercio (Tata Mercio), forma-se em Medicina e Farmácia assumindo, com a morte do pai, em 4 de Abril de 1916 a Estância Paraizo. Em 1922 casou-se com a paulista Margarida de Brêtas, a Gaïda, primeira mulher a morar na atual Estância do Paraizo.
Como membro do Partido Libertador participa das Revoluções Civis de 1923, 1925 e 1927 até o apaziguamento do Rio Grande do Sul em 1930 quando torna-se Deputado Estadual e participa da Constituição Estadual de 1935 (atual Constituição do RS ainda em vigor) junto com seus colegas Raul Pilla e Moisés Velinho. Tata Mercio é o relator do Código Rural Rio-Grandense, ainda em vigor, que estabelece as normativas de como funciona o meio rural no Estado até hoje. Foi Deputado Federal no Rio de Janeiro. Faleceu em 1967.
CHEGADA EM 1954 DE SALVATORE ZARA, VINDO DE GÊNOVA, NO PORTO DE SANTOS
APOGEU DA OVINOCULTURA NO RS
Pecuarista, Médico, Pediatra, Presidente da Associação Rural de Bagé por 3 gestões, Vice-presidente da Farsul por duas gestões e Vice-presidente da Associação Médica Brasileira por duas gestões. Seus principais legados na Estância do Paraizo foram o melhoramento genético do rebanho ovino raça Corriedale e bovino com as raças de corte Hereford e leite Holandês. Dividiu os campos extensos da Estância em potreiros para as modernas técnicas de manejo e trouxe a luz elétrica.
Pecuarista, primeiro Engenheiro Agrônomo da família graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com Master em Animal Science na North Carolina State University at Raleigh. Introduziu o manejo diversificado na propriedade com a introdução da Silvicultura, Fruticultura e Vitivinicultura sendo um dos pioneiros nestas atividades na região da Campanha Gaúcha. Trouxe a casta Syrah para o Brasil implantando na propriedade o primeiro vinhedo do país com mudas originárias da África do Sul. Modernizou a genética do rebanho de gado de corte transformando o plantel da Estância de Hereford em Bradford.
A décima geração da Família Mercio, Thomaz e Victoria, assumem junto aos pais, Thomaz Mercio e Monica Zara, a gestão da Estância Paraizo transformando o vinhedo em negócio de vinho. Introdução do manejo conservacionista do Bioma Pampa e uso de tecnologias digitais na prática de pecuária e vitivinicultura. A Estância torna-se membro do projeto internacional de conservação do Bioma Pampa Alianza del Pastizal.
No ano em que o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) concede à Região da Campanha Gaúcha a Indicação de Procedência o rótulo varietal Syrah Camilo 1 é o primeiro da Estância a receber o Selo da IP.